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Foto do escritorAdm Bonet

Como a (falta de) estratégia da OI culminou na maior Recuperação Judicial da história do Brasil?

Atualizado: 12 de jan.

A empresa de telecomunicação OI foi criada a partir da privatização da Telebras em 1998. Com muito incentivo público do BNDES e de fundos de pensão, a OI era basicamente uma holding que abrigava, na época, 16 empresas de telecomunicação pelo Brasil.

Ao longo do tempo, a estratégia da operadora continuou a mesma: comprar empresas com baixas performances (normalmente endividadas) que se relacionavam de alguma forma a sua operação através de financiamentos governamentais (dívidas) e se fortalecer como a maior operadora de telefonia fixa do Brasil.

Infelizmente, tais apostas se mostraram péssimas:

Primeiramente, comprar empresas com baixa performance exige um bom planejamento financeiro. É importante avaliar as métricas econômicas das empresas compradas para avaliar se existe um potencial de reverter a situação da empresa ou se são apenas barcos furados, com dívidas que aumentam com o tempo e margens insuficientes para cobrir as dívidas.

Além disso, um planejamento estratégico também poderia ter evitado um destino tão trágico. Uma análise do cenário econômico brasileiro mostraria que apostar em dívidas para alavancar o negócio pode ser uma péssima ideia, principalmente quando os juros começam a subir (o que é comum por aqui). Ou até mesmo uma análise de tendências tecnológicas teria mostrado que apostar em telefonia fixa não era, nem de longe, a melhor aposta.

Como nada disso foi feito, a empresa continuou comprando empresas endividadas e apostando que as receitas de telefonia fixa iriam pagar a conta. O destino da companhia não poderia ter sido outro: em 2016, a empresa de telecomunicação contava com uma dívida de R$65,38 bilhões de reais, devendo em sua maioria para credores internacionais e instituições financeiras. Com o vencimento próximo destas obrigações, e passando por desafios devido à situação econômica do país, a Oi decidiu por dar início ao seu primeiro processo de Recuperação Judicial, concluído em dezembro de 2022. Agora, dois meses após a finalização do processo, a empresa entrou com um pedido de proteção contra devedores, o que pode indicar que a empresa passará novamente por mais um processo de recuperação judicial.


Após a execução do plano de recuperação, a dívida de R$65,38 caiu para R$21,95 bilhões. A amortização da dívida foi feita principalmente através da venda da subsidiária de telefonia celular, mas também contou com a venda da sua vertente de fibra óptica para um fundo de investimentos, além da venda de oito mil torres de telefonia fixa e um acordo de redução de 50% da dívida de R$14,3 bilhões de reais por multas aplicadas pela Anatel.

Apesar da redução substancial, a empresa não obteve sucesso com a renegociação das dívidas remanescentes. A oi disse que “não pode pagar R$ 600 milhões devidos aos detentores de títulos em 5 de fevereiro, o que desencadearia a aceleração de quase todas as dívidas financeiras da companhia”.


Para contornar a crise e evitar que a situação piore, a empresa optou por pedir a 7ª Vara Empresarial da Comarca da Capital do Estado do Justiça do Rio de Janeiro uma liminar que a proteja de credores. Este pedido pode ser um prelúdio a um novo pedido de recuperação judicial por parte da Oi.


Entrar com um pedido de recuperação judicial pode ser um divisor de águas para a companhia. Ele pode ser o diferencial entre a falência total e a reestruturação de uma empresa. A recuperação judicial oferece um tempo precioso e uma oportunidade de renegociação das suas dívidas.

O ideal é que seja feito um estudo de planejamento financeiro da empresa para que seja apresentado um plano de recuperação factível, tendo como base o fluxo de caixa da empresa e seus índices de liquidez. O papel do planejamento estratégico no pedido de recuperação judicial também é muito importante, pois é preciso avaliar qual o cenário econômico do setor da empresa, e qual será a estratégia da empresa para se destacar dentro deste cenário e reverter a crise.


A lição é que nunca é tarde para organizar a casa e tomar as decisões corretas. Mesmo que não tenha havido um bom planejamento financeiro e estratégico lá no início da companhia, a recuperação judicial é um instrumento jurídico que está à disposição de todos os empresários (assim como outras formas de facilitar a quitação de dívidas). Aliado a um bom planejamento estratégico e uma visão clara das suas finanças através de um robusto controle financeiro, o empreendedor tem a possibilidade de não somente quitar suas dívidas, mas iniciar um novo ciclo em sua empresa, muito mais controlado e responsável, e consequentemente com muitas mais chances de prosperar e alcançar seus sonhos!



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